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A vez do Cairo

Chegamos ao Egito pós-revolução e pré-eleição para ficar um mês (ao invés de dois). Inevitável sentir uma certa empolgação. O mundo inteiro está de olho no Cairo e eu estou aqui, acompanhando de perto um momento inédito da história do país (imagino a vida de um correspondente da CNN, sempre na expectativa).

Antes de embarcar, pesquisei bastante e nossos amigos egípcios nos alertaram sobre o que estava por vir. É o Egito das Pirâmides, do Nilo, uma das civilizações mais importantes da antiguidade, certo? Mais ou menos.

O Cairo tem apenas uma cor. E sujeira, lixo e construções inacabadas por todos os cantos. Não existem muitas regras ao dirigir (os poucos semáforos existentes estão na região central), carros velhos buzinam constantemente. Já passei por alguns lugares pobres, mas a desorganização que vi aqui é novidade (talvez pelas proporções da cidade, com 22 milhões de habitantes).

Corremos algum risco? Não. E só viemos porque o nível de segurança aumentou nos últimos 3 meses. O clima não é dos melhores (basta ligar a tv e assistir o noticiário) mas temos todo o suporte necessário e estamos hospedados no Intercontinental em Heliopolis, a área “arrumada” do Cairo, distante da Tahir Square e da Abbassiya (onde ocorrem a maioria dos conflitos).

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Além dos protestos, estima-se que milhares de presidiários ainda estejam nas ruas (lembre-se que o Egito depende do turismo e muitos fatos não foram divulgados pela mídia). Por mais absurdo que pareça, o governo incentivou a fuga (ou seja, libertou os detentos) visando agravar o caos durante a revolução. Como a polícia e o exército estavam paralizados, cada cidadão se defendeu como pôde. A situação já está mais calma, mas até alguns meses atrás, checkpoints civis funcionavam em cada esquina.

Não levaremos uma vida “normal” aqui (embora eu duvide que isso seja possível no Cairo). Não devo sair sozinha. Uma mulher estrangeira perambulando pelas ruas é estranho. Em épocas de instabilidade, nem se fala. Isso significa que vou ficar no hotel durante a semana, sem “desbravar” nada. Por sorte, o CityStars – o maior shopping da cidade – fica no mesmo complexo, basta pegar o elevador. Não vim ao Cairo para passear no shopping, mas é melhor que nada. Consequentemente, sequer cogito pegar o metrô. E eu estava tão curiosa para saber como o metrô funciona na prática, com vagões exclusivos para mulheres.

De qualquer forma, não perderemos a oportunidade de conhecer o Cairo e viajar, embora de uma forma mais engessada (com motorista e afins). O que será diferente, pois gostamos de fazer tudo por conta própria.

O Egito ocupará todas as manchetes nos próximos dias, especialmente em 23 e 24 de maio, quando os egípcios irão às urnas. São 13 candidatos à presidência (10 foram impedidos de concorrer – inclusive 2 favoritos) e talvez um segundo turno seja necessário. Nós vamos sair do país e dependendo do resultado e das manifestações, voltaremos.

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